Kart bom e kart ruim!

Um dos maiores motivos de discussão e "mimimi" nos campeonatos de kart amador é a diferença existente entre os karts. Mas você já se perguntou onde está essa diferença? De quanto é essa diferença? Por que mesmo nos melhores kartódromos essa diferença ocorre, em kart que recebem boa manutenção?

Bom vou tentar aqui elucidar um pouco sobre essas diferenças.

Carburador Honda padrão para motor GX 390 (13Hp)
A Carburação: não sei se é de conhecimento de todos, mas os karts são carburados. A mistura e dosagem de ar e combustível é feita por carburador, ou seja, é totalmente mecânico e depende de regulagem mecânica para correção das quantidade de combustível na mistura. Um kart bem carburado, obviamente, terá melhor desempenho. Se a estiver mistura rica (muito combustível) ou pobre (pouco combustível) terá um desempenho pior. Quem tem kart próprio, principalmente kart 2 tempos, sabe da importância de acertar a carburação. A mudança de desempenho é tão significativa que chega-se ao ponto de mexer na carburação entre os trechos de miolo e reta. Essa modificação na dosagem do combustível é feita abrindo ou fechando as agulhas do carburador. No kart rental, essa variação na carburação e consequente diferença de equipamento pode acontecer se, por exemplo, os testes de equalização forem realizado durante uma tarde quente e a corrida for disputada à noite, com queda da temperatura.
Escapamento original motor Honda GX 390 (13hp)

O Escapamento: por mais simples que se pareça, o escapamento tem uma grande influência no setup
é mais importante e mais difícil de ser encontrado. Devido às características deste motor, o escapamento é a única coisa que impede a saída dos gases da câmara de combustão. Para quantificar essa diferença, gostaria de dar o exemplo de um teste que realizei em meu kart. Tenho um Bravar 2014 com motor Honda GX390 preparado dentro do regulamento da CBA para este tipo de motores, gerando 18hps, aproximadamente. Utilizo um escapamento com ponteira de duas saídas, conforme ilustrado na figura 1, abaixo, e do modelo mais curto. Trocamos por um escape de saída simples e aproximadamente 5cm mais longo, ilustrado pela figura 2. Com esta mudança, tivemos uma perda de 500rpm no final de reta e, devido ao traçado que estávamos treinando no dia, uma perda de no mínimo 0,5s por volta. Poderia ter melhorado o desempenho, com mais retomada, o que seria melhor em pistas mais travadas, porém o resultado não foi esse.
Escapamento para karts 2 e 4 tempos
desempenho do kart. Este componente influencia diretamente na velocidade de saída dos gases resultantes da combustão. Um escapamento mais restritivo (mais longo, mais fino, com muitas curvas e abafador) dificulta a saída dos gases, gerando maior contrapressão na câmara de combustão. Você pode se perguntar "mas aumentar a taxa de compressão não gera mais potência?". A questão aqui não é aumento da taxa de compressão, o que obtemos normalmente com trabalho no cabeçote do motor, mas sim de restrição à saída dos gases. Outra pergunta que pode surgir é: "então o melhor é tirar completamente o escapamento?" Não. A contrapressão é fundamental para o funcionamento do motor. Sem ela a mistura de ar-combustível que deveria ficar na câmara de combustão antes do fechamento das válvulas pode passar direto, da admissão para o escape, deixando menos mistura na câmara e, por consequência, gerando menos potência. O ideal é encontrar o equilíbrio entre o mínimo de restrição à saída dos gases e o máximo de contrapressão. No caso de motores 2 tempos, esse

Os Pneus: um dos componentes mais importantes de todos os veículos de competição terrestre, uma diferença de pressão e desgaste de pneus faz muita diferença no desempenho dos karts. O básico é sempre saber se não estão muito vazios, com aquela tradicional verificação com os pés ou com as mãos antes de entrar no kart de aluguel. No kart próprio, a verificação tem que ser com o medidor adequado. O medidor de pressão dos pneus é ítem fundamental para quem tem um kart, deveria vir junto com ele, se você tem seu kart e não tem como medir a pressão dos pneus na pista, compre um medidor hoje! Mas não é só com pressão baixa que se perde desempenho. pressões muito altas também reduzem a aderência, e por consequência, perde-se tempo de volta. Outro ponto é que a perda de aderência com o desgaste não e linear. Ficou confuso? Vou tentar explicar: a aderência dos pneus nos primeiros 50% de vida útil é muito maior que a no 50% final. Um pneu pouco usado pode ser de 0,5 a 1,0s mais rápido que o pneu com 40% de borracha ainda, mesmo que, um pneu com 40% de borracha ainda tem uma boa vida útil.

Bom pessoal, com isso espero esclarecer alguns dos detalhes e motivos pelos quais ocorrem as diferenças nos karts. Um bom piloto para equalizar os kart é fundamental, mas essa atividade toma tempo e as mudanças na pista durante as baterias acabam por modificar essa equalização.

Para termos uma referência, segue abaixo uma montagem que fiz com alguns dos vídeos onboard em diferentes ocasiões no ano de 2016 no kartódromo de Interlagos. Utilizo este kartódromo como referência apenas por ser onde mais andei este ano! A organização do kartódromo, na minha opinião, é excelente e o pessoal lá faz um trabalho pesado para equalizar os kart, tanto que as diferenças são pequenas, nas casa de 3 a 4km/h, mas que fazem diferença durante a corrida. O segredo é saber lidar com o kart para tirar o máximo.


Kart - Início

Após alguns anos sem postar nada neste blog, resolvi começar a produzir algum conteúdo de coisas que gosto aqui no blog. E o melhor assunto para retomar, não tenho dúvidas que é o kart.
Vou postar aqui no blog, sem compromisso, alguns artigos sobre kart, com dicas de setup, pilotagem, vídeos das corridas e, quando for o caso, resultados.
Gostaria de começar falando do Campeonato Asseka (www.asseka.com.br), muito bem organizado pelo Bruno Scarim, também idealizador do Podcast Kart Buzz (se você gosta de kart, ouça!).
Comecei a disputar o campeonato este ano. Em um total de 10 etapas, no último dia 15 de outubro foi disputada a 9ª etapa no Kartódromo da Granja Viana.
O traçado desta etapa foi o apresentado abaixo:

Uma das características que a maioria dos pilotos observa neste traçado como o mais importante é: kart com motor ruim não vira bons tempos! Sem mimimi, realmente a subida para embalar para a reta é forte, saindo de uma curva de baixa, ou seja, o motor fazia muita diferença. Infelizmente neste dia, eu não estava com um kart com motor bom, não deu pra fazer milagre, mas foi divertido, e isso é o que realmente importa no esporte. Segue abaixo o meu vídeo onboard desta etapa:



Larguei em 9º. Largada limpa, bem tranquila para kart rental, disputas limpas também. Infelizmente no desenrolar da corrida não consegui manter a posição e terminei em 11º. Reparem como era difícil pra mim acompanhar dos demais na parte de subida. Havia um distanciamento significativo, o que dificultava muito defender as posições no final da reta.
Enfim, corrida legal, boas disputas.
O resultado da corrida foi o seguinte:
*Resultados extraídos de Race Monitor